A magna celebração bandeirante é o 9 de julho, a recordar a Revolução Constitucionalista de 1932.Nalini ae8e4

Estivesse ainda entre nós, o inesquecível Paulo Bomfim, o último dentre os Príncipes da poesia brasileira entoaria louvores como sempre fez, durante sua vida gloriosa, a enaltecer os brios paulistas.

Ele indagava: “O que foi 32?” e respondia: “Foi a soma dos sonhos e o sacrifício de um povo, a confraternização de raças e condições sociais no batismo das trincheiras, o esforço da indústria, o desprendimento do comércio, a grandeza de uma causa, a generosidade dos moços, a participação dos cabelos brancos, o entusiasmo das crianças, a força que vem da mulher da terra paulista, o verbo dos poetas e dos tribunos, dos jornalistas e dos sacerdotes, a sacralidade da lei, o fuzil ao lado do livro, a trincheira continuação da escola, a caserna dependência do lar e o campo de batalha sementeira da justiça”.

Continuaria a revolver tesouros ancestrais deste chão de bravos, que deveriam ser insculpidos nos corações juvenis, para que esta mocidade abúlica e desalentada recobrasse o ânimo de converter o Brasil real na Pátria de nossos sonhos. Pois o poeta continua: “O que foi 32?”, para proclamar: “Foi a bandeira que voltou do passado, o passado que se transformou em bandeira, bênção de Anchieta e de frei Galvão, vigília de João Ramalho, grito de guerra de Tibiriçá, inspiração de Bartira, presença dos que partiram, convocação do amanhã, cocar-capacete de aço, jibão que virou farda cáqui, canoa monçoeira transformada em trem blindado, mortos e vivos marchando; igreja, escola, oficina em batalhões rezando a mesma oração, prece de amor e esperança, holocausto e clarinada, asa de glória gravando no sangue dos das gerações”.

Nestes oitenta e nove anos da épica aventura em que São Paulo testemunhou ao mundo inteiro, o seu apreço à democracia e ao Estado de Direito, nada mais significativo do que render homenagem a esse amor tão bem demonstrado por Paulo Bonfim, que rezou: “Enquanto houver injustiça, enquanto houver sofrimento, enquanto a terra chorar, enquanto houver pensamento, enquanto a história falar, enquanto existir beleza, enquanto florir paixão, enquanto o sonho for sonho, enquanto o sangue for sangue, enquanto existir saudade, enquanto houver esperança, enquanto os mortos velarem, é sempre 9 de julho!”.

 

*José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Presidente da Academia Paulista de Letras, gestão – 2021- 2022.