Fonte: Gazeta do Povo - 30/4/2021

Angela Gandra feeafDesde março do ano passado, temos trabalhado dia e noite para atender as diversificadas necessidades ocasionadas pela pandemia. Um título exemplificativo, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, responsável pela implementação e acompanhamento do plano de contingência, com foco especial nas famílias vulneráveis, apresentações no eixos da saúde, com alcance de 44 milhões de domicílios e aumento do orçamento para fortalecer o atendimento em comunidades e favelas, entre outras. Na esfera social, registro material informativo para as famílias; redirecionamos como políticas públicas para fortalecimento de vínculos familiares, equilíbrio trabalho-família, incluindo a educação, e enfrentamento dos desafios no âmbito familiar - doméstica, suicídio, automutilação, abusos, proteção das crianças, adoção, promoção da família acolhedora aprovação, educação em casa, repatriação de brasileiros para unir famílias, acolhimento de imigrantes, atendimento de denúncias por meio da Ouvidoria Nacional etc. - para enfrentar uma crise pandêmica. Ainda trabalhamos na área da proteção econômica, garantindo também um segurança alimentar.

Não obstante essas e tantas outras ações realizadas por nosso governo - e que se disponível no site do nosso e de outros ministérios - serem patentes e inegáveis, no momento em que (como na própria CPI da pandemia instaurada, onde a sentença foi proferida antes da investigação) veículos midiáticos, de forma ativista e muitas vezes nada jornalística, decidiram derrubar a situação, não importa o que se faça: o enfoque será sempre negativo, quando não falso. De fato, temos um presidente descontraído e transparente, o que poderia ser visto sob outro ângulo, interessante para a nação, pela sinceridade. Se não me falha a memória, já obtivemos outros piores comunicadores, mas prestigiados, sejam quais são as principais razões ..., por uma mídia comprometida.

Há um trabalho contínuo dentro do governo federal para buscar soluções, um espírito de serviço incansável e, mais do que tudo, um profundo desejo de salvar vidas

Por outro lado, tão logo nossa suprema corte , não atendendo ao artigo 21, inciso XVIII da Constituição Federal, diluiu a competência da crise sanitária, atribuindo poder demais entes federativos, projetou-se o caos, principalmente pela voracidade eleitoreira que inundou a pandemia de oportunismo político. Enquanto a União Europeia e outros países de maior dimensão se uniram para combater o ínfimo, mas resistente inimigo comum, nós temos uma desgraça de assistir à digladiação instaurada.

De qualquer forma, o que posso afirmar em primeira pessoa, por tudo que vejo e vivencio, é que há um trabalho contínuo para buscar soluções, um espírito de serviço incansável e, mais do que tudo, um profundo desejo de salvar vidas. Como tem afirmado nossa ministra Damares , a história vai contar a verdade. Porém, meu senso jurídico, como advogada e professora de Filosofia do Direito, exorta-me a não me resignar a uma justiça fora do tempo, que significa, em última análise, injustiça.

Por isso, desabafo por meio dessas linhas, em defesa daqueles que podem ter errado em alguma decisão - quem acertou completamente até agora, no ataque a um vírus altamente traiçoeiro e surpreendente? -, mas não por intenção e, em geral, por terem desejado conjugar todos os fatores que envolvem a vida humana - autonomia, liberdade, vacinação segura, trabalho, sustento, saúde mental etc. - para realmente encontrar caminhos perfeitos e eficientes.

Penso no que será essa CPI, que acirra ainda mais a crise política e jurídica, causadas à crise mundial, já suficientemente dilacerante. É tudo de que não precisávamos neste momento! De qualquer forma, gostaria muito que todos os atores representados de fato, incluindo juízes, chamados ao tribunal e pudessem, talvez, assistir - utopia? - ao enfrentamento consciente de suas ações próprias, para ver se ainda coragem de atirar a primeira pedra.

Angela Vidal Gandra da Silva Martins, Ph.D. em Filosofia do Direito, é secretária nacional da Família do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e ocupa a Cadeira nº 46 na Academia Paulista de Letras Jurídicas.