O recente falecimento de Fidel Castro Ruz merece algumas reflexões, da parte de todos os que se interessam pela Ciência Política, e bem assim, pelos destinos políticos e econômicos da Humanidade. A primeira reflexão a ser feita é de cunho filológico. Para Aristóteles de Estagira, que criou a Lógica e ensinou o Mundo a pensar, “Os nomes derivam das coisas”, ou em Latim, “nomina sunt consequentia rerum.” Isto foi válido até que começasse a difusa e imbecil tirania do “politicamente correto”...

Pois bem, o próprio nome do ditador caribenho --- Fidel Alejandro Castro Ruz --- desmente a assertiva aristotélica, e confirma a minha, no sentido de que “a mentira é endêmica nas esquerdas.” “Fidel” significa “Fiel.” E --- em Português e em Castelhano --- a palavra deriva do adjetivo de segunda classe latino “Fidelis, e.” Em Cícero, este tem os significados de “fiel” e “leal.” E isto é justamente o que Castro jamais foi em sua vida...chefiou uma revolução que, teoricamente e para efeitos publicitários, destinava-se a derrubar a ditadura de Fulgencio Batista. Ao entrar vitorioso em Havana, nos idos de 1959, ele assistiu à Santa Missa e recebeu a Eucaristia!....

Pouco depois, Castro implantou uma ditadura comunista atéia, sanguinária e opressora, passou a perseguir a Religião Católica e estatizou os bens do clero. Não venham me falar em “Revolução Cubana.” Cuba é uma projeção da Espanha, um reduto da Catolicidade e da Romanicidade. Houve, sim, uma “Revolução Comunista” em Cuba, como houve em 1917 uma “Revolução Comunista” na Rússia --- monárquica, cristã ortodoxa e conservadora...o Comunismo é internacional e internacionalista, e agride os valores da tradição nacional, onde se instala.

A crudelíssima ditadura castrista se manteve por décadas, em grande parte, graças à ajuda econômica --- a fundo perdido --- prestada pela defunta União Soviética e por seus satélites do Leste da Europa. Com a implosão da U.R.S.S., o sonho dourado, perdão, o sonho vermelho, virou um pesadelo, com o recrudescimento da repressão aos opositores políticos do regime, e com o baixíssimo nível de vida da sofrida população de Cuba. O altíssimo número de refugiados que, enfrentando mil perigos, deixam o “paraíso socialista”, dispensa outros comentários.

O outro nome de Castro é “Alejandro.” Também este, não no merecia o tirano vermelho do Caribe. “Alejandro” evoca a figura de Alexandre, “O Grande”, o discípulo de Aristóteles, um autêntico guerreiro que, findas as suas conquistas, exportou a cultura e as artes da Grécia para o Mundo então conhecido. O seu homônimo do Caribe também exportou: Exportou o terrorismo, a luta armada comunista e os covardes atentados que custaram a vida a tantos inocentes. Outro Alexandre foi o Csar Alexandre II de todas as Rússias, e que libertou os servos em seu país, sendo chamado de “O Libertador.” Também o nome deste (assassinado pelos comunistas), jamais deveria ter sido usado por Castro, que “liberou” terroristas por ele treinados, para desestabilizar regimes nacionalistas, nas Américas e até na África.

Uma palavra sobre a total incompetência administrativa do assim chamado “Comandante” (só se fosse de presídios, pelotões de fuzilamento e campos de concentração), também deve ser dita: Mesmo sendo o autêntico proprietário da mais extensa usina de açúcar do Mundo, e contando com mão de obra praticamente escrava, ele não conseguiu tirar a usina --- sem trocadilho --- do vermelho.

“Last, but not the least”: Sou um antigo discípulo do grande pensador brasileiro, Professor Heraldo Barbuy. E acompanho a sua opinião, no sentido de que o Comunismo não é uma ideologia, nem uma doutrina política, nem uma doutrina econômica: É uma religião, atéia e materialista, ou, por outras palavras, é uma heresia cristã.

De maneira modesta, tenho aperfeiçoado a tese do saudoso Heraldo Barbuy. E agora me ocorre, tendo em mira o padrão de vida elevado de Castro e dos seus auxiliares imediatos, em confronto com a miséria do povo cubano, que, contrariamente ao que ocorre no Catolicismo, em que os membros do Clero Regular têm o voto de pobreza, na “Religião Marxista” o “Clero” (isto é, os membros da burocracia do Partido) não faz voto de pobreza. Este é feito --- ou, mais provavelmente, imposto --- aos coitados dos “fiéis” (os governados). É para rir ou para chorar?...