Fonte: Diário do Litoral - Opinião Cidadã - 2/10/2024

A mais grave ameaça que já se abateu sobre a humanidade está em pleno e acelerado curso. O resultado do aquecimento global, insensatez humana que arremessou e continua a arremessar toneladas de gases venenosos expelidos por combustíveis fósseis.

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Todos sabem disso. Poucos os que se propõem a escapar da tragédia. O Brasil sempre foi um misto de ufanismo e de complexo de vira-lata. Somos detentores da maior e última – aliás agonizante – floresta tropical do planeta. Detentores da maior quantidade de água doce, líquido valioso pelo qual as nações irão guerrear ainda este século. 

Mas somos alvo de maldições. Povo atrasado, iletrado, inculto, rústico, ignorante e dendroclasta.

Ainda existe salvação no horizonte tupiniquim. Bastaria levarmos a sério a transição energética. Deixar de pensar em explorar petróleo na foz do Amazonas e reassumir a postura de promissora potência verde. O desmatamento “zero” não pode ficar para 2030. Tem de ser para já!

Fixar o ano de 2030 lembra a piada do estuprador que ouve da vítima: “Você tem meia hora para sair de cima de mim!”. É ridículo.

Mas temos condições de exportar bens com baixo conteúdo de carbono, produzidos com energia renovável, que temos em abundância. 

Podemos preservar as florestas e, nisso, é importante que todas as Prefeituras recuperem suas áreas e façam florestas urbanas em seu território. Toda árvore é bem vinda. O Brasil precisa de mais de um bilhão de árvores, tamanha a desfaçatez do extermínio. E é obrigação nossa comercializar créditos de carbono derivados do replantio em pastagens degradadas. Isso é plenamente possível. Se começar em cada cidade, talvez o governo federal se convença de que é seu dever cuidar de estabelecer condições de sobrevivência das futuras gerações, e não condená-las a um precoce desaparecimento, causado por nossa loucura indomável. 

Toda pessoa com discernimento e sensibilidade tem condições de exigir de sua Prefeitura, que preste contas sobre o que está fazendo em relação às emergências climáticas, pois as vítimas seremos todos nós. Agir enquanto é tempo. Ele está correndo depressa e se tardarmos demais, adeus humanidade. 

*José Renato Nalini é Reitor da UNIREGISTRAL, docente da Pós-graduação da UNINOVE e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo.