Devemos amar os livros porque eles nos ensinam ser. O paraíso deve ser uma grande biblioteca, não me canso de dizer, parafraseando Jorge Luís Borges. Assim, como o ser humano deve amá-los, ao advogado isto é impossível de não fazer, mas mais que isto, o advogado há de amar o processo e bem mais, cada letra que lançar nos autos, porque não há perfeição sem amor. Certo velho magistrado me dissera uma vez que tivesse ojeriza aos autos, fosse melhor ir para casa, porque com isto, não se realizaria a Justiça, que faz a concretização das liberdades, no seio do caderno processual. Pois bem! O advogado é o eterno mensageiro da Justiça e onde ele não houver e não insistir a demonstrar o âmago das razões incansavelmente, não pode haver Direito. Escrevo estas linhas em homenagem a uma colega. Importa que apenas ela saiba, sem que lhe diga o nome, para defendê-la dos tropeços perdoáveis da inveja, mas que atalhou a solenidade da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, em plenário, para resgatar uma das mais brilhantes vitórias de nosso escritório, como já o fizera antes no Órgão Especial do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, brilhantemente e juvenil.

Recentemente tomei um tombo no escritório enquanto me apressava às oito horas da manhã, a atender uma cliente que viera de um outro Estado da Federação. Exames sequenciais e múltiplos de ressonância, levaram-me a um herpes zoster (como é dolorido!); seguida por uma pneumonia e ao necessário repouso da recuperação que nunca me afastou de meus afazeres na Advocacia, contudo. Mas vira nas redes, que três amigos, Erasmo França, José Rogério Tucci, este que defendêramos para que fosse Ministro do STF, como ainda, o Marcelo Von Adamek, fossem lançar livros e pedi a esta admirável colega fosse buscá-los para mim, já que a patroa não me deixava sair às ruas por causa dos diagnósticos. Dentre estes livros, veio-me “RECORDAÇÕES DE MEU AVÔ NOÉ AZEVEDO” e por tabela, não menos entusiasmante, outro livro do Erasmo, “HISTÓRIAS DE ARNALDO MALHEIROS FILHO”, aquele que não foi ao STF, para não trocar a beca, pela toga, em que sempre e, no entanto, respeitasse todas.

De Arnaldo, vi que advogados não somos esbirros, beleguins ou leguleios, somos guerreiros, nunca despachantes ante o Poder Judiciário, mas, sim mensageiros de um grito por liberdade, que nunca pode deixar de vicejar. Buscadores das boas razões à exaustão. Por isto que dele dissera Flávia Rahal, parafraseando um terceiro, que omite, “Arnaldo é mais do que o Bat Materson: uma lenda em seu próprio tempo! ” Ouso, contudo, acrescer, uma lenda para sempre porque não morrem os bandeirantes e nunca seus discípulos, os grandes advogados. Viram lenda, como aí estão Mange, Valdir, Marco Antonio, Dante, Márcio, Raimundo e Mário Sérgio. Noé de sua foto, na capa de seu livro memorialista, por seu brilhante neto, Erasmo, parece fitar-me constantemente como a me ser um estímulo; homem de todas as letras jurídicas, o advogado universal, especialista em generalidades, que um dia propagara de seu escritório: “Advocacia em Geral”; sem recuar em suas lides e sem medo de ofender quem fosse para realizar os direitos de seus constituintes, mas jamais derivando para a grimpa. Certamente um maior entre todos nós. Mais que lenda; um semideus! Insisto: para que haja advogados como eles, Advocacia há de se grafar e se exercer com “a” maiúsculo e para que estes pedais estribem os advogados para que não conheçamos a trégua das negligências dos processos e muito menos a covardia nas tribunas ou nas cancelas dos tribunais.

Escrevo também para os que que formam minha Advocacia, Eliana, minha mulher, meus filhos Inaldo, meu braço direito, Edith, mais que filha, amiga, outro igualmente querido, Rodrigo, todos advogados; Dafny, bacharel em Direito, em breve a ser corajosa advogada, nosso esteio, para eles que me façam continuar tentando ser advogado. Obrigado!