Assistindo as apresentações, “debates”, dos candidatos à Presidência da República e aos governos estaduais, constatamos que não têm a mínima noção da realidade brasileira. Um utiliza a transposição de águas, “verbas”, do Rio São Francisco para sua própria promoção, como uma grande realização e outro o faz para demonstrar obra inacabada. Ignoram quase (quarenta) 40% de brasileiros vivendo sem rede de esgoto e sem sanitários. Tivemos o orgulhoso de transportar (7) sete milhões em São Paulo, mas não sabe de que forma e do déficit de transporte, o tempo gasto. Tiveram a coragem de elogiar a saúde porque não precisam dos serviços públicos. Da mesma forma a educação precária, viciada ideologicamente, que deturpam no lugar de ensinar.
Vários já estão no poder há décadas e preocupam-se em dizer o que fizeram, como se fosse muito. Na verdade deveriam manifestar-se no sentido do que não realizaram, deixando o País e os Estados 100 (cem) anos atrasados. Além dos problemas já citados, temos os rios poluídos, como o centro do Município de São Paulo, que é uma ilha – porção de terra cercada de esgotos por todos os lados – Rios Tietê, Pinheiros e Tamanduatei – bem como todos os córregos de bairros. Alguns falam em dar continuidade às desgraças do antecessor (do mesmo partido, evidente). Desconhecem a falta de planejamento resultando na repetida falta d’água, com conseqüências na energia, e em aumentos a serem pagos pelo consumidor; transferem os prejuízos dos furtos praticados pelos delinqüentes, aos pagadores honestos.
Os políticos que já ocuparam cargos e quando o fizeram, ao aumentar impostos, diante de manobras, afirmam não ser aumento, mas redução do desconto. Mudaram a denominação de desapropriação para “restrição de uso” evitando a indenização prévia, justa e em dinheiro (artigo 5º, inciso XXIV, CF). É a chamada desapropriação indireta, que o poder não deposita, se não deposita não poderá ser contestado e se não contestado prescreve.
O povo não se ilude mais. Por isso, para alguns candidatos, quanto mais tempo na mídia será pior para ele e melhor para os adversários, porque repetirão as baboseiras, verborreias de sempre para eleitores mais conscientes.
Colocam os obstáculos. Para todas estas soluções, onde encontrar recursos? À evidência temos casos que dependem de reformas, como o exemplo da Previdência, devido à mudança nas relações fáticas em que houve o aumento do tempo de vida, consumindo os recursos. Entretanto, já ouvimos candidatos alegando a redução de investimentos ou aumento dos impostos já com carga excessiva. Ora, esta redução acarretaria, diminuição na produção, no comércio, com conseqüências na arrecadação tributária, e no desemprego, progressivamente, aumentando os problemas já existentes. É por isso que estamos (100) cem anos atrasados.
Ao contrário, os recursos deverão surgir do enxugar a máquina estatal que eles incharam com parasitas, cabos eleitorais, para vencer eleições; com a revisão para eliminar incentivos fiscais e subvenções atendendo interesses duvidosos ou não recomendáveis; com a redução de municípios que está chegando ao número de (6.000) seis mil, quando razoavelmente teríamos (3.000) três mil, sendo o excedente enorme, composto com Prefeito, Vice-Prefeito, Secretarias, mínimo de (9) nove vereadores e estrutura material e humana com custos exorbitantes, acabar com os vices nos executivos da União, dos Estados e dos Municípios, eliminar suplentes, reduzir substancialmente o número de Senadores e Deputados federais e estaduais, dos vereadores, dos Ministérios e Secretarias; acabar ou diminuir ao máximo possível a corrupção, o superfaturamento, os supersalários, os “penduricalhos”.
Não é, portanto, reduzindo o investimento necessário ou aumentando tributos, a solução para as calamidades, porque assim as piora. Deve-se aplicar os recursos mau gastos, no desenvolvimento e na repressão ao abuso do poder econômico, como pilares da ordem econômica. São obras públicas aliadas às privadas, com estas verbas, que gerarão empregos, consumo, tributos, lucros, que demandarão a produção pública e privada, progressivamente, com mais empregos diretos e indiretos, na produção, no comércio, na manutenção, reiniciando o ciclo cada vez mais volumoso, ampliando a competitividade no mercado externo e atraindo o capital estrangeiro pela confiabilidade: É estranhável a pergunta e a indignação do jornalista ao candidato Bolsonaro, sobre economia, dívida externa, etc. e não ficar satisfeito com a resposta. A indignação seria em relação ao argüidor, questionando se algum outro candidato, ou ex-presidentes, como Lula e Dilma teriam esses conhecimentos ou respostas satisfatórias. E, ainda mais, sobre a Balança Comercial, juros e tributação como reguladores e protetores da produção interna e da competição internacional. O que precisamos é de governantes honestos, com equipes capazes de corrigir esses excessos de desvios e recuperar a credibilidade. O resto é conseqüência.
O que assistimos nas campanhas é desanimador, em sua maioria, com alianças sem afinidades, a força da troca para interesses particulares. É mais do mesmo e talvez pior, que o eleitor deverá combater nas próximas eleições. Neste dia seremos o povo soberano.
Dircêo Torrecillas Ramos - e-mail: