Sempre ouvimos que “elogio em boca própria é vitupério”. Não é elegante gabar-se, elogiar-se ou ressaltar méritos próprios. E o que é vitupério? É verbete sinônimo a insulto, ignomínia, vexame e outros que tais.
Sinto-me, porém, forçado a reconhecer o justo merecimento da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, que em 2020 completa 111 anos de existência, graças ao singular protagonismo de seus integrantes.
Começo pela outorga das láureas do Governo do Estado: a Ordem do Ipiranga e as medalhas Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, ambos vinculados à nossa Casa.
Foram homenageados os acadêmicos ANNA MARIA MARTINS, sobrinha de Tarsila, por seu trabalho na Comissão do Prêmio SP de Literatura. Com seus 95 anos, cativa a todos. Também IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO, atual tempos o escritor mais reverenciado, pois aprovado na Academia Brasileira de Letras. Glória que chega tarde, para quem sofreu injustiça, com censura à sua profética obra, mas que o alcança na plenitude do talento. IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, Presidente emérito da APL, o jurista mais profícuo do Brasil, que herdou de seu antepassado, Fernando Martins, conhecido como Santo Antônio de Lisboa e de Pádua, o dom da ubiquidade. Seu irmão JOÃO CARLOS MARTINS, exemplo de superação e celebridade mundial, festejado intérprete de Bach e que exercita a fraternidade a formar legiões de jovens para a música. O historiador JORGE CALDEIRA, expressão consagrada na visão singular sobre uma historiografia brasileira revista e que surge instigante em novos ângulos. JOSÉ GREGORI, o grande herói dos direitos humanos que é uma legenda corajosa num Brasil de tantos desfibrados. JUCA DE OLIVEIRA, ator, autora, escritor, intelectual de múltiplas dimensões e fornecer patriota. ZUZA HOMEM DE MELLO, que a todos encantava com a consistência de seu conhecimento musical, tudo complementado com uma inexcedível simpatia pessoal. Foi a grande perda neste fatídico 2020. ZUZA HOMEM DE MELLO, que a todos encantava com a consistência de seu conhecimento musical, tudo complementado com uma inexcedível simpatia pessoal. Foi a grande perda neste fatídico 2020. ZUZA HOMEM DE MELLO, que a todos encantava com a consistência de seu conhecimento musical, tudo complementado com uma inexcedível simpatia pessoal. Foi a grande perda neste fatídico 2020.
Todos eles mereceram o reconhecimento oficial por sua contribuição para a cultura bandeirante. Outros tantos nossos “imortais” estariam igualmente credenciados a essa homenagem estatal.
Mencione-se o protagonismo de MAURICIO DE SOUSA, também premiado por sua atuação em prol das crianças do planeta. Ele dominou o mundo com sua mensagem lúdica, seus ensinamentos éticos e nunca recusou o prestígio de seus personagens para melhorar uma espécie. Ainda há pouco, junto com PAULO SKAF, da FIESP, lança “Palavras Mágicas”, uma campanha para fomentar uma cultura de respeito, gentileza e empatia, características essenciais para o bom relacionamento interpessoal.
Com a “Turma da Mônica”, dá-se voz às expressões: “Por favor, obrigado, com licença e desculpa”. O objetivo é promover pequenos gestos de educação para a melhor convivência na sociedade, a começar pela família.
o crítico literário FÁBIO LUCAS, é uma entidade preciosa. Ainda abriga os polivalentes JÔ SOARES e WALCYR CARRASCO, um pensador capaz de transformar o Brasil como JOSÉ PASTORE e um jornalista da estatura de LUIZ CARLOS LISBOA.
E mais: um sociólogo internacionalmente respeitado, como JOSÉ DE SOUZA MARTINS, e um contista do quilate estilístico de JOSÉ FERNANDO MAFRA CARBONIERI, são nomes que conferem salto qualitativo a qualquer colegiado de eruditos. Há ou não motivo de orgulho?
O ano de 2019 levou três nossos imortais: PAULO NOGUEIRA NETO, PAULO BOMFIM e BENEDITO LIMA DE TOLEDO. Receberam sucessores, não são substituídos. Em 2020, tivemos a posse de MARIA ADELAIDE AMARAL, na noite de 12 de março e RUY OHTAKE ainda não foi recepcionado, em virtude da pandemia.
É que a vida das Academias depende da morte física de seus integrantes. Como dizia o jusfilósofo MIGUEL REALE, quando somos 40, podemos ser ignorados. Como, aliás, costuma se portar uma grande mídia em relação à Arcádia. Quando somos 39, somos adulados, assediados e cortejados.
São Paulo tem razões para celebrar sua ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, reduto de primícias humanas, cujo convívio enriquecedor é manifestação de evidência de que pode haver respeito entre os contrários e que o antagonismo não é motivo suficiente para criar cizânias ou dissensões.
* José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente de pós-graduação da Uninove, presidente da Academia Paulista de Letras - 2019-2020 e ocupa a Cadeira nº 28 da APLJ