O narrador Galvão Bueno ganhou uma série exibida em cinco capítulos pela Globo Play, com o título “Olha o que ele fez!”, um de seus clássicos bordões durante as transmissões de partidas de futebol.
Não entrarei no mérito da trajetória do Galvão Bueno, que o documentário afirma ser o maior de todos os narradores, com o que eu discordo, pois para mim outros foram melhores, mas Galvao teve a sorte de ficar por décadas narrando as principais partidas de futebol do Brasil e do Mundo, incluindo dez finais de Copas do Mundo, e, ainda, narrou a Fórmula 1 no período vencedor de Ayrton Senna, quando nós, os brasileiros, passamos a acompanhar esse esporte de elite como se fosse um esporte popular.
O documentário deixou claro que Galvão Bueno é um chefe perfeccionista, e como qualquer gestor empresarial que tenha essa característica, muitas vezes são assediadores morais, tratando seus subordinados com um rigor excessivo e desrespeitoso.
A série mostra um Galvão Bueno que utiliza de palavrões quando as coisas no trabalho não saem como ele espera; um chefe que ofende os colegas, irritadiço e com atitudes grosseiras, que muitos gestores adotam ainda hoje, apesar de a Justiça do Trabalho punir empresas e os próprios gestores com indenizações por dano moral.
Coma Reforma Trabalhista de 2017, a CLT permite que podem ser processados por assédio moral não só a empresa, mas o chefe agressor, e isso tem ocorrido.
Tenho estudado o assédio moral há mais de vinte anos, inclusive ministro uma disciplina em curso de mestrado denominada Direitos Sociais e Meio Ambiente do Trabalho, e dedico um tempo razoável do curso com os alunos, para tratar do meio ambiente laboral saudável e sem terror psicológico. Por estas razões fiquei chocado com o que assisti na série, pois esta traz provas contra o Galvão Bueno e a TV Globo. Um ponto que para mim foi estarrecedor, foi o Sr. Boni, com quem tive oportunidade de conversar pessoalmente há alguns anos e tenho por ele grande admiração, afirmar que quem é bonzinho se dá bem nas empresas e quem é mau se dá melhor ainda, como afirmou Maquiavel (este não falou desta forma, mas...). Enfim, nada justifica grosserias com subordinados na relação de trabalho, e nem em qualquer outra situação da vida.