(Folha de S.Paulo)

O saudoso empresário Octavio Frias de Oliveira, Publisher da Folha, foi um dos incentivadores de iniciativas para o desenvolvimento das ciências, letras e artes do país.

Em nossos encontros em seu gabinete no jornal, eu recolhia valiosas contribuições para aperfeiçoar o Prêmio Moinho Santista, que anualmente convidava os reitores de universidades e dirigentes de instituições voltadas às ciências, às letras e às artes do país a indicarem personalidades que contribuíram para essas áreas.

Hoje a homenagem é outorgada pela Fundação Bunge, que deu seu nome ao prêmio e aperfeiçoou esse relevante trabalho. Criado há 60 anos, o prêmio já contemplou quase 200 brasileiros.

Neste ano, o conselho da fundação escolheu como temas a recuperação de solos degradados para a agricultura, na área de ciências agrárias, e saneamento básico e manejo de água, na área de ciências biológicas, ecológicas e da saúde.

Na primeira das áreas foram contemplados profissionais que dedicaram vida e obra ou desenvolvem projetos que contribuem para a expansão e consolidação do agronegócio de forma sustentável, conservando mais e desmatando menos. Água e solo compõem o binômio da sustentabilidade, indispensáveis na vida das comunidades.

A fundação premia duas personalidades pelo conjunto de seus trabalhos e dois jovens talentos de até 35. O processo de escolha dos ramos de atividade e dos contemplados é conduzido com extremo rigor.

Não há inscrições e sim indicações para o prêmio que contempla seis áreas do conhecimento humano: ciências biológicas, ecológicas e da saúde; ciências exatas e tecnológicas; ciências agrárias; ciências humanas e sociais; letras; e arte.

Os candidatos são indicados pelas principais universidades e entidades culturais e científicas do país. A partir das indicações, as comissões técnicas, integradas por especialistas brasileiros e estrangeiros, escolhem os jovens premiados e selecionam os que concorrerão na categoria vida e obra.

O grande júri, formado por reitores e representantes de instituições, recebe os pareceres das comissões técnicas e, por votação secreta, escolhe os premiados, que são divulgados em cerimônia no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

A última etapa do prêmio acontece no Palácio dos Bandeirantes, quando o governador do Estado de São Paulo, presidente honorário da Fundação Bunge, homenageia os contemplados com a entrega solene dos prêmios.

Neste ano, na área de recuperação de solos degradados para a agricultura, o grande júri escolheu a professora Marlene Cristina Alves (categoria vida e obra), da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, e Diego Antonio França de Freitas (categoria juventude), da Universidade Federal de Viçosa.

No ramo de saneamento básico e manejo de água, o professor José Fernando Thomé Jucá (vida e obra), da Universidade Federal de Pernambuco, e Dulce Buchala Bicca Rodrigues (jovem), graduada pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, foram premiados.

Lembrando as preciosas contribuições transmitidas por Octavio Frias de Oliveira veio à mente lição de Fernando Pessoa: “O valor das coisas não está no tempo que duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.