acacio vaz de lima filho 60

O Santo Padre Pio XII faleceu em 1958, tendo sido o romano pontífice que chefiou a Igreja Católica nos cruciais dias da Segunda Guerra Mundial e nos primeiros anos da “Guerra Fria.” Seu sucessor, o antigo Patriarca de Veneza, Cardeal Angelo Giuseppe Roncalli, subiu ao trono de Pedro com o nome de João XXIII, tendo convocado o “Concílio Ecumênico Vaticano II”, que introduziu muitíssimas mudanças na Igreja Católica, Apostólica e Romana.

Creio com absoluta sinceridade que o aludido concílio ecumênico trouxe muito mais mal do que bem à Igreja de Cristo, assistindo razão ao saudoso Professor Plinio Corrêa de Oliveira quando comparava a convocação de João XXIII à feita pelo Rei Luiz XVI, dos “Estados Gerais” em França... com efeito, assim como os “Estados Gerais” foram o prelúdio da ruína da Monarquia Francesa, o Vaticano II foi o início do declínio da Igreja!... esta, em uma palavra, se dessacralizou, perdendo em tradição, em mística e, consequentemente, afugentando os fiéis. O Latim foi retirado, na prática, da celebração da santa missa. E este Latim era --- e ainda é --- a marca da universalidade da Igreja de Cristo. Muitas modificações foram introduzidas na liturgia, e, em termos fáticos, após o concílio, tivemos a Igreja “ajoelhada diante do Mundo”, no dizer feliz de Jacques Maritain...

Os inimigos --- externos e internos --- do Catolicismo, não tardaram a perceber que as novidades conciliares lhes forneciam uma oportunidade, preciosa, para minar a estrutura da Igreja Católica, sendo claríssimo o objetivo final: A destruição da própria Igreja. Comunistas se infiltraram, às mancheias, nos seminários. Ordenados sacerdotes, subiram na hierarquia eclesiástica. E surgiu a famigerada “Teologia da Libertação”, que nem é “Teologia” (na verdade, é Antropologia), nem é “da libertação” (é, na verdade, liberticida). De teocêntrico, o culto católico passou a antropocêntrico.

A tal de “Teologia” (?) da Libertação” foi difundida pela CELAM, entidade política dos bispos da América Latina, que ensanguentou este continente, ao apoiar abertamente movimentos marxistas de luta armada.

No Sábado, dia 7 de Abril, diante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, tivemos uma triste manifestação deste “Catolicismo” de inspiração marxista: D. Angélico Sândalo, Arcebispo emérito de Blumenau, em Santa Catarina, em uma pretensa cerimônia religiosa dirigiu-se aos presentes chamando-os, não de “irmãos e irmãs”, mas de “companheiros e companheiras”!... não contente com isto, concitou os integrantes da multidão a “ouvir a palavra” de Lula, e o seguir!... o derradeiro absurdo foi a leitura da oração de São Francisco de Assis, feita pela marxista confessa, e antiga guerrilheira, a ex-“Presidenta” Dilma Roussef. O egrégio Professor Denis Lerrer Rosenfield, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, abordou o assunto no artigo “A religiosidade petista” (“O Estado de São Paulo”, 16-04-2018, página A-2), referindo-se a “um uso despudorado da religião” no indigitado evento.

Sua Eminência Reverendíssima Don Odilo Pedro Scherer, o Cardeal-Arcebispo de São Paulo, censurou o procedimento de Don Angélico Sândalo, que teria configurado um uso político da Religião. Bem andou Sua Eminência: O Cristianismo, espiritualista e teísta, é antitético do Marxismo, materialista e ateu... como se isto não bastasse, o grande Papa Pio XI declarou que o Comunismo é “intrinsecamente perverso.” E João Paulo I, em seu brevíssimo pontificado, exortou os católicos de todo o Orbe, no sentido de que não é possível que uma pessoa seja cristã e marxista, ao mesmo tempo.

O Cardeal-Arcebispo de São Paulo, com a sua firmeza habitual, manifestou-se, de imediato, sobre o grotesco episódio protagonizado por Don Angélico Sândalo. Quanto à CNBB, afirmou que só dará a sua opinião sobre o ocorrido, depois da reunião dos bispos. Aguardemos, e vamos rezar. Veremos se a manifestação será da “Conferência Nacional dos Bispos do Brasil”, ou da “Confederação Nacional dos Bolchevistas do Brasil”...

 

*Acacio Vaz de Lima Filho, advogado e professor universitário, é Livre-Docente em Direito Civil, área de História do Direito, pela Faculdade de Direito de São Paulo, Presidente Vitalício do “Grupo de Estudos de Direito Romano e História do Direito Professor José Pedro Galvão de Sousa”, associado efetivo e Conselheiro do Instituto dos Advogados de São Paulo, sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Acadêmico Perpétuo da Academia Paulista de Letras Jurídicas, e membro da União dos Juristas Católicos de São Paulo