No último dia 15 de Novembro a República completou cento e trinta anos da sua implantação no Brasil. E nada houve para ser comemorado pelos brasileiros, porquanto a República foi, entre nós um mal, do ponto de vista histórico e político... o fenômeno da “rejeição” não existe apenas na Medicina; ele é encontradiço, também, na seara das instituições políticas e jurídicas. Instituições que não têm raízes na História de um povo, se implantadas, estarão fadadas ao insucesso.
A assertiva acima é perceptível no seguinte dado: A Federação e o Presidencialismo de feitio norte-americano, fracassaram de maneira rotunda em todos os países da América Latina!... nós todos, latino-americanos, somos ibéricos e marcados pela catolicidade e pela romanicidade a que aludia o historiador e ideólogo Gustavo Barroso, um dos próceres da Ação Integralista Brasileira, hoje sintomaticamente ignorado, porque sofria da “Hanseníase Ideológica” de que eu próprio padeço: Acreditava em Deus, cultuava a Pátria, e respeitava a Família!... mas, voltando ao tema, por nossa origem e formação, somos monárquicos e habituados ao Estado unitário. No nosso inconsciente coletivo, todos os brasileiros precisamos de um grande pai e protetor.
Em “A Ilusão Americana” Eduardo Prado, um monarquista convicto e um dos brasileiros mais cultos e notáveis do seu tempo, observou, com acuidade, que o fato de o Brasil e os Estados Unidos da América se situarem no mesmo continente, não é motivo para que partilhem das mesmas instituições: A formação histórica é de todo diferente.
Andavam com acerto tanto Gustavo Barroso quanto Eduardo Prado. O Império possibilitou ao Brasil paz, estabilidade política, desenvolvimento econômico e probidade administrativa. Foi ademais uma incomparável escola de estadistas, e favoreceu o surgimento de uma elite política, preocupada não com subalternos interesses pessoais, mas comprometida com o bem da Nação Brasileira. Aliás escrevi, em outra ocasião, que se a “República Velha” (1889-1930) teve mais decoro do que as que a sucederam, isto se deveu ao fato de os homens públicos da mencionada “República Velha” serem todos formados na Escola de Estadistas do Império.
Um fato narrado pelo saudoso Professor Moacyr Lobo da Costa ilustra o que afirmei. Implantada a República por um golpe militar, um conspícuo político do Império, o Senador Dantas, foi gravemente ofendido pelo novel regime. Os civis do movimento fizeram na “Confeitaria Colombo”, no Rio de Janeiro, um desagravo ao velho político monarquista. Depois disto o escoltaram, a cavalo e em carruagens, até à sua chácara, situada na Tijuca. Ao se despedirem do idoso estadista, um dos jovens civis do movimento (pode ter sido Campos Salles, pode ter sido Prudente de Moraes, o detalhe não importa) disse: --- “Senador Dantas, Vossa Excelência está vendo, a República não é tão má assim...” Cauteloso, com o “saber só de experiência feito” que Camões lobrigou no “Velho do Restelo”, respondeu o Senador Dantas, de maneira profética: --- “Meus filhos, os senhores estão vendo a República funcionar com os homens públicos do Império. Verão como será a coisa quando funcionar com os homens da República!...” este fato foi para mim confirmado por um descendente do Senador Dantas, o ilustre Professor Luis Rodolfo Ararigboia de Sousa Dantas, meu particular amigo.
O triste é que a República foi implantada por uma minoria de maçons e positivistas, não contando com nenhum apoio popular. Temerosos da reação do povo brasileiro, os golpistas fizeram a Família Imperial embarcar para a Europa durante a madrugada, e sem que a partida fosse anunciada... o nosso povo era (e é) majoritariamente católico, monarquista e conservador. Repele “movimentos sociais” que são, em verdade, organizações terroristas (M.S.T. e M.T.S.T.), e tem uma aversão epidérmica por organizações criminosas travestidas de “partidos políticos” (P.T. et alii...).
A República, fruto dos conciliábulos secretos das “Lojas” (Meu Deus, que nome ridículo!) maçônicas e da pregação de positivistas alheios à realidade nacional, foi em realidade imposta por uma minoria do Exército. E carrega nas costas a culpa pelo genocídio de Canudos, entre outras muitas culpas.
É tempo de refletir sobre tudo isto. Os erros históricos podem ser reparados, com lucidez e equilíbrio. O plebiscito possibilitando a volta da Monarquia, deve ser repetido.
*Acacio Vaz de Lima Filho é advogado e professor universitário. Dedica este artigo a Sua Alteza Imperial e Real, o Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial Brasileira