(Jornal SP Norte)

Em um período que assistimos os assassinatos cruéis, desumanos, praticados, sem motivo, pelo Estado Islâmico; a violência impera; roubos, desvios, superfaturamentos; verbas são enviadas à África, Venezuela, Cuba, em detrimento do povo brasileiro quanto à saúde, educação, mobilidade, poluição dos rios; desigualdades gritantes entre o trabalhador público e privado, relativas às aposentadorias e outras benesses, ainda há voluntários, em clubes de serviços, oferecendo préstimos aos seus semelhantes, sem receber vantagens em troca, como o Lions, o Rotary e muitos outros.

Foi com incomensurável satisfação que recebi e não menos aceitei o convite para proferir a instrução leonística, numa noite especial em que renovamos as diretorias dos clubes da divisão. São estes momentos, reforçadores de nossas energias para novos planos.

Devemos partir de conceitos. O que somos, de onde viemos, onde estamos e para onde vamos?

Precisamos crescer para melhor servir. Ouvimos discursos, discursos e discursos. Sempre repetimos: trazer cada um mais um, o vizinho, o parente, o amigo. Entretanto, para que? O que justifica o abandono da família, do repouso para juntar-se a nós? Leva-nos aos grupos incipientes com reuniões de interesse particular: nosso comércio, nossa classe, nossa profissão. Foi assim até que em 1917, Melvin Jones, teve a ideia de inserir, nesse companheirismo, o serviço desinteressado que impedia qualquer vantagem financeira. O Lions foi a primeira daquelas associações a fazer as alterações estatutárias, nesse sentido, por isso foi considerada a mais antiga. Ao contrário de alguns escritos, ao dizerem não imaginarem os fundadores o desenvolvimento territorial, a partir das novas ideias, eles tinham perfeita consciência e a prova foi o adicionar o vocábulo internacional- Associação Internacional de Lions Clubes. A perspectiva concretizou-se. Dos Estados Unidos em 1917 fomos para o Canadá em 1920, para a China em 1926, Panamá em 1935, Colômbia em 1936, Austrália em 1947, Suécia em 1948, Líbano em 1952, África em 1952 (mesmo ano introduzida no Brasil). Seguimos para a Índia em 1956. Alcançados os vários continentes, atingimos todas as regiões geográficas e continuamos a crescer e a desenvolver a filosofia leonística há quase um século.

Poderemos dizer, hoje, que o Papa Francisco é Leão. Perguntarão por quê? Se não é formalmente o será pela conjugação e afinidade de objetivos. A Campanha da Fraternidade de 2015 é: “VIM PARA SERVIR”, o lema do leonismo é: “NÓS SERVIMOS” e sempre dizemos: “QUEM NÃO NASCEU PARA SERVIR NÃO SERVE PARA VIVER”.

O trabalho altruístico exige humildade de dedicação. Embora não se confunda, apenas, com filantropia, sabemos que vivemos no Brasil, País com tantos necessitados. Por isso todas as atividades são importantes, pequenas ou grandes. Deve-se compreender o significado de um par de meias ou um sabonete para quem recebe em um asilo ou em uma creche. Neste ato está o calor humano, uma palavra, uma visita, que eles são lembrados, embora, muitas vezes, nem os familiares, se os tem, o praticam.

Convém enfatizar que o salário do voluntário é a satisfação psicológica e quanto maior e mais importante for a atividade, maior será a satisfação e como corolário o salário. Temos tudo para sermos grandes, mas insistimos, no Brasil, em sermos pequenos, com monumentos menores, escondidos. Impõem-se seleção de campanhas: por clubes, divisões, regiões, do distrito, do distrito múltiplo, nacionais. Serão expressivas, importantes com visualização de nossos símbolos. Exemplifico com uma ocasião em que assistia em duas enormes telas, no saguão do Cassino oficial de Mônaco, uma exposição diuturna, para salvar o planeta terra, através da proteção do ecossistema e ao final apareciam em ambas o símbolo do Lions. Em outra oportunidade um policial fardado, no aeroporto de Roma, tomou meu carrinho de bagagem e preocupou-me. Queria apenas ajudar porque viu o pin na lapela e disse que gostaria muito de participar do movimento. Mesmo no Brasil, nas Feiras de Saúde, aparecem candidatos, como o caso do cidadão da lanchonete da Praça da Sé, que colabora muito e quer juntar-se ao grupo. Mister se faz lembrar o projeto para mudar os critérios de indicação dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, iniciado e desprezado no Lions, seguido hoje por várias instituições. O mesmo poder-se-á dizer sobre a redução da idade para responsabilização penal. Acrescente-se a indicação de Gaetano Brancati Luigi, rotariano, criador do monumento da Paz, para o Prêmio Nobel, feita por um Leão.

Com grandiosas iniciativas, “faça seu semelhante sentir-se necessário” – útil. É importante a atuação do Comitê de Honra, dos ex-governadores e da Governadoria do distrito, não como atividade própria, mas incentivando, aconselhando, apoiando, orientando para que todos remem na mesma direção e não em direções opostas. Não há verba para publicidade, mas unidos temos força para transformar o Lions em notícias. Exploremos nossas potencialidades. Recebamos e ofereçamos os enormes salários de nossas grandes realizações. Não procuraremos e sim seremos procurados. Não falemos muito para sermos criticados, nem pouco para sermos aplaudidos, mas o necessário para sermos compreendidos. Evidenciemos a existência, ao contrário do “homem lobo do homem” de HOBBES, daqueles bons por natureza, amantes de seu próximo.

Ao final: alcançaremos, naturalmente, nossas metas de companheirismo, do serviço desinteressado, do desenvolvimento quantitativo e qualitativo. Poderemos dizer: Somos a maior ONG do mundo; quem não nasceu para servir, não serve para viver; “VIM PARA SERVIR” – “NÓS SERVIMOS”.