Crédito: Correio Braziliense

Ruy Altenfelder 5 81666É a época da grande pausa nacional para comemorar a virada do ano, com os tradicionais balanços do passado e a fartura de previsões para o futuro. Um olhar mais atento remete a um aspecto que, pelo menos para os menos pessimistas, alimenta a esperança de que a ética venha, finalmente, a conquistar importância na vida da nação. Trata-se da reação da sociedade aos descalabros que pipocam nas manchetes da mídia em geral. Primeiro foi a Lei da Ficha Limpa, um avanço animador. Segundo foi o aumento da vigilância sobre o comportamento dos políticos propiciado pela disseminação das redes sociais na internet. Mais recentemente, são as passeatas que atraem alguns milhares de cidadãos para protestar contra a corupção e a impunidade que, há séculos, impera no Brasil.

É necessário agora, com a proximidade das eleições, prosseguir com a pressão a favor da ética. E o primeiro passo cabe ao eleitor, que, ao clicar seu voto para os cargos eletivos na urna eletrônica, exercerá o maior direito da cidadania: decidir a quem vai entregar o poder de administrar o país, os estados, as assembleias legislativas, o Senado e a Câmara Federal, onde cada um de nós vive, educa os filhos, mantém seu lar e seu emprego, desfruta momentos de lazer. Portanto, ao eleger os mandatários, cada um de nós deve fazer uma criteriosa reflexão, pois estaremos escolhendo em que tipo de país, Estado, queremos viver. Pode ser num bem gerenciado, onde nosso imposto reverterá em benefícios para todos, com investimentos em saneamento básico, transporte, segurança, saúde, educação e outros serviços; ou pode ser num mal administrado, onde os recursos públicos serão malbaratados ou desviados pelos maus políticos para aumentar patrimônios particulares ou rechear cofres de campanhas partidárias em eleições futuras.

E não se enganem os legisladores que estabelecem as normas para as eleições, pois novos tempos já podem estar chegando e a memória dos cidadãos não é mais tão curta. Seria recomendável que eles se antecipassem e, com a velocidade do século 21, criassem leis modernas que, por exemplo, ajudem a coibir abusos, facilitem o alijamento dos corruptos, proíbam o abandono de cargos eletivos antes do término do mandato para disputar uma nova eleição. É o caso de deputados que deixarão a Câmara ou a Assembléia Legislativa para disputar prefeituras em outubro próximo.

A ética também será um bom balizador para nortear as próximas campanhas eleitorais, visando em especial à conquista do apoio dos multiplicadores de opinião, ou seja, daquelas pessoas que influenciam um bom contingente de eleitores. Assim, será aconselhável evitar as promessas exageradas e demagógicas, os compromissos espúrios para selar apoios (que geralmente são estabelecidos na penumbra, mas sempre tendem a vir à luz); e por aí vai. Como aprender nunca é demais, principalmente nesta era do conhecimento, os candidatos que vierem a ser eleitos poderiam dedicar algum tempo antes da posse para adquirir ou reciclar noções modernas de gestão pública e as informações sobra a real situação dos entes públicos que terão a responsabilidade de administrar nos próximos anos.

Ao equacionar os recursos com que poderão contar para enfrentar os problemas sociais que afligem praticamente a todos os estados brasileiros, os futuros eleitos não devem esquecer que o Executivo e o Legislativo podem e precisam participar ativamente das políticas nacionais de assistência social. Como, certamente, tais recursos serão insuficientes diante da dimensão dos problemas, o administrador público de visão identificará nas entidades privadas filantrópicas um eficiente manancial de parceiros e colaboradores dispostos a dedicar o máximo de esforços para transformar o Brasil no país com que todos sonhamos. E isso, o mais cedo possível.