acacio vaz de lima filho 60O ilustre Professor Elcio Abdala, do Instituto de Física da U.S.P., publicou em “O Estado De São Paulo”, edição de 22-11-2017, página A-2, o artigo “Por Que Não Atingimos A ‘Classe Mundial?”, em que fez uma análise, irretocável, da atual situação da Universidade de São Paulo, que, fundada em 1934 por  Armando de Salles Oliveira, já figurou entre as melhores instituições de ensino superior do Mundo.

O fundador da Universidade de São Paulo, os seus auxiliares imediatos, e os primeiros lentes da U.S.P., tinham a noção exata de que os fatores que haviam feito a grandeza da instituição universitária, na Idade Média, tinham sido a autonomia administrativa e a preocupação com o saber pelo saber. O corolário da combinação dos dois fatores apontados é que a missão precípua da Universidade sempre foi, é e será, a formação de elites pensantes.

Surgida na injustamente difamada Idade Média, e tendo o seu marco inicial em Bolonha, a Universidade era uma corporação de professores e alunos, que tinham por escopo o saber. Para se manter hígida e manter o seu papel histórico de formadora de homens dotados de bons cérebros e caráter reto, carece a instituição ora abordada de permanecer fiel aos dois pilares que, no Medievo, fizeram a sua grandeza: A autonomia administrativa e a preocupação com o saber pelo saber. Esta era a opinião do saudoso Professor Guilherme Braga da Cruz, Catedrático de Direito Romano da Universidade de Coimbra: --- Antes de reformar a Universidade, é preciso salvá-la!...

O Professor Elcio Abdala afirma em seu artigo, e com toda a razão, que o espírito corporativista --- no pior sentido desta palavra --- está destruindo a Universidade de São Paulo. E refere-se a “sindicalistas professores”, elucidando que as duas palavras devem ser usadas nesta ordem: os indivíduos são, em primeiro lugar, e acima de tudo, sindicalistas, para em seguida, e eventualmente, serem professores... com isto a meritocracia cede o passo para os conchavos eleitoreiros, e o critério da excelência científica, que tudo deveria nortear na vida acadêmica, é jogado às urtigas... coerentemente, o autor do artigo considera absurdo que o cargo de Reitor seja preenchido com o voto direto de todo o pessoal universitário. E aponta os bons exemplos das melhores universidades do mundo, em que o mérito científico orienta a escolha do Magnífico Reitor.

É claro que o fator ideológico desempenha aqui um papel de relevo: Há muito tempo, a Religião Marxista se instalou profundamente na Universidade de São Paulo, a um tal ponto que é possível falar de um “pensamento oficial de esquerda” que tudo rege, na U.S.P.

Tudo isto é triste, do ponto de vista da História do Brasil, e calamitoso, em termos científicos e acadêmicos. A Universidade de São Paulo teve, outrora, os seus centros de excelência: A Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a Faculdade de Medicina “Pinheiros”, a Escola Politécnica de São Paulo (que teve como modelo a Escola Politécnica de Napoleão Bonaparte, na França), a Escola Agrícola Luiz de Queiroz, de Piracicaba, e tantos outros estabelecimentos. Se persistir a situação atual, há o grande risco de a “Casa de Armando Sallles” se transformar na casa (Upa! Perdão! Ela odeia a classe media!), digo, na mansão da Dona Marilena Chauí!...