Fonte: Jornal Classe A, da Moóca

 “Tenho mais história que futuro” era uma frase que foi muitas vezes dita por um professor mexicano de Direito do Trabalho, Baltazar Cavazos Flores, um grande amigo que fiz na vida acadêmica internacional, À frase, em si, é bastante carregada de significado, e pode ser interpretada de diversas formas. À primeira interpretação possível é a de que a pessoa que pronuncia essa frase esteja se sentindo velha, cansada, e que considere que já viveu bastante para que possa pensar em seu futuro. Nessa interpretação, a fraseDomingos Svio Zainaghi sugere algo como “já aproveitei minha parte, agora não sei o que mais esperar”. No entanto, outra interpretação possivel, e esta era à que prof. Balazar demonstrava, é a de que a pessoa que diz isso considera que sua vida foi tão rica em experiências e aprendizados que não há mais muito que ela precise viver - ela já tem “mais história” do que pode ser contada em um futuro breve.

Essa segunda interpretação tem um tom mais positivo, de alguém que enxerga sua vida como repleta de momentos felizes e de experiências marcantes. É uma forma de se valorizar tudo o que se viveu até aquele momento e de se perceber como uma pessoa plena, completa.

De minha parte, entendo que é mais uma questão de tempo vivido e a viver.
Alguém aos setenta anos, viveu mais do que irá viver, e tem mais histórias a contar, mas isso não é tão certo, pois alguém pode ter suas melhores histórias na parte final de sua passagem por este mundo. Cora Coralina, por exemplo, publicou seu primeiro livro aos setenta e seis anos, apesar de ter muita história para contar até ali, e viveu seus últimos vinte anos produzindo lindos poemas.

Independentemente da “interpretação dada à frase, o fato é que ela pode ser um convite à reflexão sobre a vida de cada um de nós. Qual é o tamanho da nossa história? Quais são as experiências que nos marcaram? O que realmente conta em nossas vidas: o passado ou o futuro? Perguntas que podem dos ajudar à compreender melhor quem somos e de onde viemos, e que podem orientar-nos na construção do nosso futuro.

A vida é um grande presente de Deus, e devemos aproveitá-la ao máximo, mas com coisas boas, com experiências que possam ser contadas e divididas com nossos semelhantes.

Roberto Carlos afirmou em uma de suas músicas:

“Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”.

Domingos Sávio Zainaghi. Advogado, professor escritor e palestrante za naghida zainaghi.com