Mais uma vez, escrevo aos 7 de Dezembro, agora de 2020, para tratar do ataque aeronaval japonês à base norte-americana de Pearl Harbor, no Pacífico, levado a cabo por uma força-tarefa da Marinha Imperial Nipônica, comandada pelo Contra-Almirante Chuichi Nagumo, há exatamente 79 anos. Como todo fato histórico, este é merecedor de reflexão. E, por suas muitas consequências para toda a Humanidade, ele é merecedor de muita, e muito cuidadosa reflexão...

acacio vaz de lima filho 60O ataque japonês a Pearl Harbor foi planejado por um dos maiores gênios da guerra aeronaval de todos os tempos, o Almirante de Esquadra Isoroku Yamamoto. O Capitão de Fragata Minoru Genda foi o oficial encarregado do planejamento de todo o ataque aéreo, e o Capitão de Corveta Mitsuo Fuchida foi o oficial incumbido de comandar a primeira esquadrilha de bombardeiros. “Tora! Tora! Tora!” (Tigre! Tigre! Tigre!) foi a mensagem enviada pela esquadra à Pátria, após o ataque.

Do ponto de vista estritamente militar, o plano de Pearl Harbor era perfeito, impecável... e o seu maior opositor foi o seu próprio autor: --- O Almirante de Esquadra Isoroku Yamamoto havia estudado nos Estados Unidos, e tinha um conhecimento completo da enorme capacidade econômica e militar do país. Advertiu o Governo Japonês no sentido de que, embora pudesse vencer os norte-americanos, durante seis meses, numa campanha naval no Oceano Pacífico, não teria condições de lutar numa guerra de longa duração... mas as suas advertências caíram em ouvidos moucos: --- O partido militarista então no poder, era abertamente a favor de uma luta armada contra os Estados Unidos. Num ligeiro parêntesis, afirmo que capitães boçais com acesso ao Poder, não são uma exclusividade brasileira.

Deve ser dito que o Presidente dos Estados Unidos da América, à época Franklin Delano Roosevelt, queria a todo o transe engajar o seu país na guerra, contra o “Eixo” e a favor dos “Aliados.” Isto era necessário ao triunfo das forças internacionais (Capitalismo e Comunismo, banqueiros e bolchevistas) e à derrotas das forças nacionalistas da Alemanha, da Itália, do Japão e de outros países. Roosevelt precisava de um pretexto para atirar os Estados Unidos na II Guerra. E é claro que o pretexto ideal seria um ataque japonês a instalações militares norte-americanas. Este ataque tinha que ser “arrumado” pelo Governo Roosevelt, a todo o transe...

Franklin Roosevelt provocou o Japão de todas as formas possíveis e imagináveis, inclusive congelando ativos japoneses que se encontravam na América do Norte. E é fora de dúvida que foram as pesadíssimas sanções econômicas aplicadas ao Império Japonês que o levaram à guerra contra os Estados Unidos.

Hoje parece ter ficado esclarecido que os norte-americanos já haviam decifrado os códigos secretos do Japão, antes do ataque nipônico a Pearl Harbor. E assim vai de roldão a sórdida impostura de que o ataque teria sido “traiçoeiro”: --- Embora sem uma declaração formal de guerra por qualquer um dos dois Estados, já havia entre eles um clima de beligerância. Por outras palavras, tudo indica que o governo de Roosevelt sabia do ataque japonês, antes que ele fosse desfechado. E, criminosamente, permitiu que no local morressem milhares de marinheiros e soldados americanos, com o interesse propagandístico --- moralmente insustentável --- de levantar a opinião pública nacional contra o Japão.

Em favor da hipótese de um prévio conhecimento do ataque japonês, milita o dado de que todos os porta-aviões norte-americanos que fundeavam em Pearl Harbor estavam ao largo no momento do bombardeio. Ou seja, os vasos de guerra mais caros e mais importantes estavam a salvo. Os japoneses afundaram apenas couraçados, cruzadores e assim por diante.

Agora chego ao ponto mais importante deste assunto, sob o aspecto geopolítico: --- Se o Japão, aos 7 de Dezembro de 1941, atacasse, não os Estados Unidos, mas a União Soviética, a II Guerra Mundial poderia ter tido outro desfecho, com a vitória do “Eixo” (Itália, Alemanha e Japão, “Roberto” – Roma, Berlim, Tóquio).

Num precedente de 1905, o Japão havia já derrotado a Rússia. Numa outra guerra, iniciada em 1941, o Império do Sol Nascente contaria com uma linha curta de abastecimento, e as tropas desembarcadas na Sibéria, no entorno de Vladivostock, estariam lutando bem perto da mãe-pátria... mas o principal de tudo isto é que Stalin, o parceiro comunista de Roosevelt e Churchill, teria que desviar tropas para combater os japoneses, o que facilitaria uma vitória do Exército Alemão na Frente Leste. A propósito, recordo que as tropas alemãs haviam invadido a União Soviética aos 22 de Junho de 1941. E a vitória do “Eixo” significaria o fim do Comunismo Internacional. Com a União Soviética desmantelada, não teria havido a comunização da China, sem a China Comunista não teria existido a comunização do Sudeste Asiático, nem a guerrilha bolchevista na África e na América Latina, e assim por diante.

É claro que na História não existe o “Se.” Mas a História fornece lições preciosas. E o colossal erro de escolha do alvo do Governo Japonês, em 1941 deve ser meditado com cuidado. Se o alvo tivesse sido, repito, a União Soviética, em sua costa do Pacífico, outra e melhor teria sido a evolução política do Mundo!...

*Acacio Vaz de Lima Filho, Livre-Docente em Direito Civil, área de História do Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, é associado efetivo e ex-conselheiro do Instituto dos Advogados de São Paulo, sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, e Acadêmico Perpétuo da Academia Paulista de Letras Jurídicas. Dedica este artigo à memória do seu amigo, o Embaixador Edmundo Sussumo Fujita, o primeiro nissei a entrar na carreira diplomática brasileira