Foi soldado. E, como Oficial das Waffen S.S., tropa de elite do III Reich, lutou contra o Comunismo Internacional e ateu na Frente Leste, durante a Segunda Guerra Mundial, tendo chegado ao posto correspondente ao de Tenente-Coronel, e sido condecorado com a Cruz de Ferro de Primeira Classe. Foi homem culto, Bacharel em Direito pela Universidade de Munique, e admirável conversador sobre os mais variados assuntos. Foi jornalista, e durante muitos anos, o especialista em Política Latino-Americana do jornal “O Estado de São Paulo.” E foi crítico de arte, conhecendo muito especialmente a pintura da “Escola Cusquenha”, formada por índios que, sob a direção dos padres da Companhia de Jesus, produziram na época colonial esplêndidos quadros com motivos religiosos. Era capaz de, numa conversa informal, tomando cerveja, dar uma profunda e erudita aula de Geopolítica.
Mario Busch era teuto-boliviano de origem, filho de pai alemão e mãe boliviana. Seja como for, homem culto, sentir-se –ia perfeitamente à vontade em qualquer capital do Mundo. Viveu grande parte da sua existência em São Paulo, onde o conheci, na casa do João Parisi Filho. E afirmava com orgulho que os seus filhos eram brasileiros.
Para a nossa geração, que conheceu as agruras da luta política e ideológica que se travava no meio universitário nas décadas que sucederam à Revolução de 31 de Março de 1964, ele foi o mentor sábio, e o orientador das horas difíceis. A sua casa estava sempre aberta para os moços idealistas que, combatendo o Comunismo, acreditavam no ideário nacionalista. E a sua casa também estava sempre aberta para os representantes das colônias dos povos oprimidos pela União Soviética: --- Romenos, croatas, húngaros e outros. Foi pela mão de Mario Bush que conheci em São Paulo, num modesto hotel da Avenida São João, Horia Sima, um ilustre romeno que tinha um papel importante na “Guarda de Ferro”, ou “Legião do Arcanjo São Miguel”, fundada por Cornelio Zelea Codreanu...
Mario Busch foi o nosso conselheiro quando fundamos na década de setenta do século passado a “Cruna – Cruzada Cívica Nacionalista.” Do nome eu me lembro muito bem, pois fui eu quem o sugeriu... E o nosso velho amigo tinha um carinho especial por esses fundadores: --- João Parisi Filho, Fernando Teixeira de Campos Carvalho, Eduardo Lopes da Silva Neto, Guariglia, Martin e eu próprio... com o bom humor que nunca o abandonou, Mario respondeu, a alguém que dizia que éramos muito poucos, que Jesus Cristo tinha começado com apenas doze companheiros!...
O hino das divisões “Panzer” do Exército Alemão havia sido vulgarizado, fazia poucos anos, pelo filme “Uma Batalha No Inferno”, alusivo à Ofensiva das Ardenas no inverno de 1944, quando Hansel Von Manteufel inflingiu uma séria derrota aos chamados “Aliados.” Um dia, Mario me disse de modo ríspido: --- “Acacio, tome nota!” Eu obedeci, e ele ditou: “Ouvi, brasileiros, o nosso clamor, o som da clarinada, rufar do tambor! Um canto de esperança, ecoa sob o céu, azul, azul!... de Leste a Oeste, do Norte ao Sul!... Nós somos os cruzados, da nossa nação!... os representantes, da nova geração!...” e assim foi composto pelo Mario Busch, com a música da “Panzer Lied”, o hino da “Cruna – Cruzada Cívica Nacionalista.”
As sólidas convicções políticas e ideológicas de Mario jamais fizeram dele um sectário insuportável ou um “dono da verdade” linha P.T. Era pelo contrário tolerante e gentil, como o observa Gustavo Augusto de Carvalho Andrade, que privou da sua amizade. E isto explica que, sendo um homem declaradamente “de direita”, jamais tenha perdido a popularidade entre os seus colegas jornalistas, muitos deles “de esquerda.”
Morreu no dia 25 de Agosto, significativamente, na Festa de São Luiz, Rei de França, e “Dia do Soldado.” E como era --- repito --- um homem extraordinariamente bem humorado, encerro estes comentários com a narração de um episódio: --- Eu marcara um encontro para jantar com o Mario na “Cantina Capuano”, na Rua Conselheiro Carrão. Ele demorava a chegar, e eu fiquei preocupado. Quando chegou finalmente, eu lhe disse que ficara aflito com a possibilidade de ele ter se perdido. Com muita calma, quase que com tristeza, ele respondeu: --- “Acacio, eu não me perdi na Sibéria, você acha que eu ia me perder no Bixiga?...”