O Marxismo, doutrina reducionista típica dos esquemas do pensamento do século XIX, não é uma ideologia política, nem um sistema econômico, mas uma religião, e mais especificamente, uma contrafação do Cristianismo, como o demonstrou entre nós Heraldo Barbuy, no clássico "Marxismo E Religião."
Religião --- e, paradoxalmente, uma religião ateia e materialista --- o Marxismo parte de dogmas, como toda e qualquer religião que se preze. E o dogma fundante da Religião Marxista, do qual os outros derivam, é o da primazia do elemento econômico nos problemas humanos e históricos. No "Evangelho" de Marx, este dogma do primado do econômico é assim enunciado: "A infraestrutura econômica determina a superestrutura política." Por outras palavras, tudo é determinado pela posse dos meios de produção: A Moral, a Religião, os Costumes, a Cultura, a Estética, e assim por diante.
Já podemos perceber que, tudo reduzindo à dimensão econômica, é o Marxismo incapaz de formular, como o fez e faz o Integralismo de Plínio Salgado, uma "Concepção do Universo e do Homem", uma vez que o Homem é irredutível ao fator econômico, e refratário ao determinismo... com efeito, o ser humano, dotado de uma alma imortal e eterna, e feito à imagem e semelhança de Deus, é possuidor do livre arbítrio, e, destarte, não pode ser presa do "determinismo histórico" adotado por Marx, e excludente do livre-arbítrio. Além do mais, o Homem tem outras dimensões que não a econômica: Tem uma dimensão afetiva, uma dimensão religiosa, uma cultural, uma política, e assim, "ad infinitum." Logo, o "homem marxista", cujas aspirações começam e se esgotam no econômico, é um "macaco de cauda amputada", como muito bem apontou um companheiro nacionalista em um determinado congresso. A "Pátria" de um marxista é o local onde haja ração para comer...
Existe o intelectual marxista? De plano, é necessário dizer que um intelectual digno deste nome, carece de uma irrestrita liberdade de metodologia e de pesquisa em todos os assuntos aos quais se dedica. Nada pode servir de barreira a ele, em sua busca da verdade, seja ela científica ou filosófica... ora, um marxista, pelo simples fato de aderir à doutrina do profeta da sala de leitura do Museu Britânico, é obrigado a aceitar a primazia do fator econômico sobre todos os demais. Por outras palavras, o intelectual marxista sofre o que pode ser chamado de "lobotomia epistemológica", o que o deixa, "a priori", dogmaticamente limitado na busca da verdade.
O corolário do fenômeno acima apontado, é o de que o intelectual marxista alcançará, sempre e tão-somente, resultados parciais em suas pesquisas: A camisa de força da ideologia o limita!...
A limitação em pauta transcende o campo da ciência, para adentrar o da arte: Enquanto durou o regime comunista na Rússia; regime inspirado na Religião Marxista, não surgiu nenhum escritor que se ombreasse a Gogol, Leon Tolstoi, Ivan Turgueniev e Fiodor Dostoieviski. Houve uma literatura medíocre, de um idioma de soberbas tradições literárias. Na música ocorreu a mesma coisa: O regime comunista não produziu nenhum compositor da estatura de Glinka, Cesar Cui, Borodin, Rimsky-Korsakov, Modesto Moussorgsky e Mikail Ipolitov-Ivanov, isto para não falar do grande Tchaikovsky...
Para concluir, a "lobotomia epistemológica" a que o marxista é submetido tem o seu preço. Um preço alto e doloroso, para toda a Humanidade.
*Acacio Vaz de Lima Filho é advogado e professor universitário, Livre-Docente em Direito Civil, área de História do Direito, pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, Conselheiro do Instituto dos Advogados de São Paulo, Associado Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, Acadêmico Perpétuo da Academia Paulista de Letras Jurídicas, e membro da União dos Juristas Católicos de São Paulo